5 de setembro de 2013

Capitão Paddock manifesta-se pro-piropo

Creio que é chegado o momento de dar o meu contributo acerca da polémica dos Swaps, perdão, dos piropos. Há uma quantidade enorme de contribuições acerca da temática, que vão desde os histéricos da esquerda-bloco até aos marialvas da direita-beta, não se vislumbrando ainda assim nada de interessante para a tematização da problemática, tirando um ensaio de um colega da área da filosofia económico-desportiva que ajudou a esclarecer alguns pontos relevantes, embora enfermado por um quadro conceptual estruturalista, o que significa que não pode ser considerado como um ensaio definitivo, na medida em que o que os estruturalistas fazem, para lá de se embebedarem com regularidade, é deixar os assuntos exactamente na mesma, depois de milhares de páginas escritas sobre eles.

Como é que isto começou? Mecanismos insondáveis do funcionamento da mente humana, associados a outros bem mais interpretáveis como a falta da paciência dessa mesma espécie humana para aturar os pretos que administram o Bruma ou as piadas pretensamente subtis (subtileza do nível das anedotas do Fernando Rocha) que o PM vai largando acerca do Tribunal Constitucional, conduziram essa mesma espécie humana a ter que procurar outros temas (arejar os cornos) para se entreter. Vai daí, uma espanhola desiludida por ter passado uma noite inteira no Music Box sem ninguém lhe ter ligado peva, e cansada de se sentir inferiorizada cada vez que as amigas, todas contentes, lhe diziam que tinham ouvido um piropo, resolveu vingar-se e lançar o tema, recorrendo à ajuda do DLTI-BE (Departamento de Lançamento de Temas Irrelevantes do Bloco de Esquerda), um dos departamentos com mais actividade nesse partido. “Se eu não tenho, as outras também não”, pensou a “activista”, como lhe chamaram numa TV. Depois foi só deixar andar e esperar que as câncias e os danieisoliveiras deste mundo dissessem umas coisas, o que obviamente fizeram porque a sua função é mesmo essa: falar muito de tudo o que é treta sem interesse.

Mas o ponto no qual eu posso dar umas achegas interessantes ao assunto é este: muita gente tem falado, mas ainda ninguém quis saber o que acham as pessoas que ouvem piropos. Faço um interlúdio hermenêutico para esclarecer que há uma diferença grande entre um piropo e um insulto, embora nem toda a gente seja capaz de o perceber. Pois bem, eu, Capitão Paddock, aqui estou para dar o meu modesto contributo, na qualidade de pessoa que ouve recorrentemente piropos. Eu imagino que o Daniel Oliveira nem sonhe que os homens também ouvem piropos, uma vez que o Daniel Oliveira nunca deve ter ouvido nenhum. Ainda outro dia, uma pita de vinte e poucos, aí com uns 86-62-88, quando passo por ela, manda-me esta preciosidade “Ó Capitão leva-me a bom porto”, ou uma outra que, por alturas de Dezembro me disse: “Diz-me como é que te chamas para eu te pedir ao Pai Natal”. Servem estes dois episódios da minha vida mundana para vos informar que nós, as pessoas que ouvem piropos, nos estamos completamente a borrifar para essa conversa de malta ressabiada e invejosa. É claro que ligo pouco a coisas como aquilo que uma tipa, já a caminhar para o MILF, me disse há uns tempos: “Fui à wikipedia ver o que queria dizer espectacular e estava lá escrito – Capitão Paddock”. Mas importa dizer que o piropo tem uma função a cumprir, que deve continuar a existir e que, para gajas mal-f..., há outros remédios mais eficazes do que aparecer nos jornais com ideias parvas.

1 de setembro de 2013

Vou criar um grupo no Facebook a pedir a renovação do Jorge Jesus com o Benfica para os próximos 20 anos


As notícias acerca do meu abandono deste ofício de escrever brilhantes pensamentos num blog foram manifestamente exageradas. Para começar, acho uma grande paneleirice acabar com blogs. E então quando o fim do blog dá direito a despedida, redigida em poético-lamechas, a paneleirice é ainda maior. Quando um gajo está farto do blog não escreve e apaga. Quando me apetecer acabar com o blog vocês saberão através da mensagem “blog not found”. E segundos, eu não brinco com os meus deveres.

Mas vamos à verdade dos factos. Perdoem-me este juridiquês de pastelaria: estive a ouvir 5 minutos de uma entrevista daquele Balbino (advogado do Bruma) ou lá como é que o gajo se chama, e acho que aquela linguagem vazia de trolhas armados em literatos – o juridiquês – me contagiou. O que se passou foi o seguinte... e peço que não me interrompam para eu expor o meu raciocínio até ao fim. O que se passou foi isto: primeiro esqueci-me que tinha um blog. Depois, quando me lembrei que tinha um blog, dei conta que me tinha esquecido da password. E como o Bruno de Carvalho, numa atitude lamentável, não me contactou, quanto mais não fosse para se solidarizar comigo, eu achei que não tinha condições psicológicas para vir aqui escrever. Não faço puto de ideia do que é que é essa cena das condições psicológicas mas o meu advogado guineense, um ex-futebolista que brilhou nos distritais, disse-me para eu dizer isso das condições psicológicas. Diz ele que funciona sempre; quando quiseram tirar o Jardel do Sporting também se lembraram de dizer que ele não tinha condições psicológicas e deu no resultado que deu, para o Jardel e para o Sporting.

22 de maio de 2013

Long Live Jesus!



“Is the past more necessary than the future?” Perguntava Kierkegaard nas Migalhas Filosóficas. Não importa agora a minha experimentada opinião sobre o tema, eu que não preciso de beber para conseguir viajar no tempo, nem de me enfiar num avião para viajar no espaço, porque sou capaz de o fazer com a elasticidade de uma mola, levando aos limites a Teoria da Relatividade Restrita do Einstein, sem me levantar do sofá, viajando mais e melhor a ler livros do que viajam aqueles que coleccionam milhas no cartão da TAP que gostam de exibir a miúdas patetas, daquelas para quem viajar se resume ao número de bugigangas magnéticas presas ao frigorífico. Serve isto para vos garantir que está tudo bem comigo, continuo a reger-me pelos princípios da física do Newton e da geometria do Arquimedes, embora aquela cena do ponto fixo e da alavanca para mover o mundo me faça um bocado de espécie desde puto. Talvez um dia, ou melhor uma noite, das de insónia, em que ligo a TV às 4:00 no Discovery, passem um documentário inteligente sobre o assunto e eu desfaça algumas das minhas questões. Esta minha intervenção filosófica sobre a forma de texto internético, que hoje disponibilizo aos ilustres que me lêem com devoção e, já agora, aos que embirram comigo de tal maneira que nem são capazes de escrever um comentário anónimo a mandar-me para o caralho, não é sobre viagens, tema desinteressante que, naturalmente, deve ser (mal)tratado por dezenas de blogs da autoria de gajas tontas e gajos trendy, com milhares de conselhos úteis e cheios de referências a sítios giros que eles acham que só eles conhecem.

O que eu aqui pretendo esclarecer, definitivamente e sem direito a discussão, como é meu apanágio, é o caso Jorge Jesus, não estivessem já vocês a pensar que eu tinha prometido mas que, mais uma vez, não iria cumprir. É verdade que deixo por cumprir muitas das promessas que faço, não por falta de vontade, acreditem, mas porque me esqueço das promessas. Sou esquecido ou, se quiserem, tenho boa memória mas só para aquilo que me interessa. Desta vez não me esqueci e aqui estou, eu e o meu vasto arsenal argumentativo, para clarificar porque é que Jorge Jesus não passa de um treinador mediano, erguido à condição de génio da táctica por pessoas burras que não entendem nada de bola (muitas) e por pessoas inteligentes que perceberam que montar um guindaste para fazer do Jorge Jesus uma espécie de Mourinho, analfabeto mas esperto, poderia até ser um bom negócio (poucas). Como quase sempre, questões como esta, que nos são vendidas como sendo complexas, enigmáticas e de difícil resolução, são afinal simples e entendíveis por toda a gente. O problema do Jorge Jesus está resumido na frase do Kierkegaard com que iniciei este meu ensaio: o tempo. O tempo é problema de muita gente, de acordo. Mas no caso de Jorge Jesus assume particular importância porque as asneiras da criatura têm a regularidade de um metrónomo de fabrico alemão, metáfora com o mesmo valor da do relógio suíço que eu utilizei só para me armar em esperto (prometo que não repito). Os que acham que perder dois títulos importantes nos descontos, quase no mesmo minuto, é azar, mau karma, bruxaria, desatenção e outras explicações mais ou menos mundanas e seculares, estão enganados. O problema de Jesus é filosófico: enredado a olhar para o passado (brilhante comó caralho, até há duas semanas atrás, como ele pensava) e a imaginar o futuro (igualmente brilhante comó caralho, como diziam as capas da Bola até há duas semanas atrás e ele acreditava) o homem esquece-se do presente. E o que acontece a quem se esquece do presente é isso: perde o guarda-chuva, deixa-se enganar pela mulher, mama golos de um sérvio que aparece sozinho a cabecear num canto aos 92 minutos de uma final. São coisas da vida, dirão os velhos na tasca entre dois goles de um copo de tinto. Mas é incompetência, digo eu que me dei ao trabalho de consultar a ciência para conferir credibilidade a esta minha alocução. Ciência que tenho todo o gosto em partilhar convosco. Que ciência é que essa que posso ir buscar para justificar A Problemática do Presente nos Dispositivos Técnico-Tácticos Jesusianos? Dois exemplos e um historiazinha.

Os exemplos:

Dividindo o campeonato em três terços, em qual deles é que as equipas treinadas por Jorge Jesus costumam obter menos pontos?

Resposta correcta: o último, analisando a carreira desde os tempos do Felgueiras, quando ele ainda tinha a superstição de ver os jogos ajoelhado em frente ao banco de suplentes (mais de 10 épocas são dados suficientes para se perceber uma tendência).

Dividindo os jogos em três terços, em qual deles é que as equipas treinadas por Jorge Jesus costumam sofrer mais golos?

Resposta correcta: o último.

Até me lembrei de uma solução: digam ao Jorge Jesus que o campeonato tem 40 jornadas, como o inglês, e que os jogos têm todos prolongamento e são de 120 min. Vão ver que ele consegue chegar às 30 jornadas e aos 90 minutos sem parecer que as suas equipas pareçam amadoras ao lado de equipas profissionais, como aconteceu contra o Chelsea, quando se viu que os ingleses, com muito mais jogos nas pernas do que o benfas, corriam mais e melhor, o que lhes valeu ganhar o jogo... mesmo no fim.

A historiazinha

Não sendo preocupação minha pensar nos que criticam aquilo que escrevo, imagino que ocorra nas cabeças de muitos de vós perguntar o que é que eu sei de treino desportivo para afirmar que Jorge Jesus não consegue preparar as suas equipas para aguentar os jogos e as épocas até ao fim – no ano passado estoirou tudo em Abril, este ano sempre aguentou até Maio – em termos de preparação física. É certo que a metodologia do treino desportivo no futebol não faz parte do vasto de conjunto de temas que domino na plenitude. Mas falei há uns tempos com um gajo que sabe e conhece do assunto, que me disse que os treinos do Jorge Jesus, comparados com os daquele puto que treina o Estoril, por exemplo – Marco qualquer coisa – parecem aulas de educação física do 10º ano. E eu confio nas minhas fontes, ainda por cima tratando-se de um gajo que é treinador de futebol e sabe de bola (nem todos os treinadores de futebol sabem de bola... allô, allô, Calos Queiroz).

Finalizo com uma declaração de interesses que até podia ter vindo no início: este meu ensaio é só para amigos. Não digam nada a ninguém. Por mim está tudo óptimo quando o benfas paga 4 milhões / época a um treinador que rende o que tem rendido Jorge Jesus. Está bem assim: quero que os lampiões gastem o dinheiro deste modo, claro que quero. “Jogam bem”, dizem eles. Porreiro: por mim podem “jogar bem” e não ganhar nada. E nem uma taça (de Portugal ou do Lucílio) por época me faz mudar de opinião. Jorge Jesus: o homem certo, no lugar certo. Leiam Kierkegaard, leiam Kierkegaard e vão ver como eu tenho razão.